Na hora de estudar, quando vemos aquelas pilhas
intermináveis de livros e leis, dá um desespero quanto ao que fazer. Para mim,
uma tática que dá muito certo é: resolver questões da banca que vai aplicar sua
prova.
Muitos candidatos acabam só lendo a Constituição, ou os
livros gigantescos de direito. Pra quem dispõe de muito tempo, isso é ótimo.
Mas, se eu tiver que escolher entre ficar lendo conteúdo ou fazendo questões,
fico com a segunda opção, por vários motivos.
Em primeiro lugar, cada
banca examinadora tem um estilo próprio de perguntar e cobrar o conteúdo.
Quem passou a vida fazendo questões de múltipla escolha vai se espantar ao
fazer uma prova do Cespe, por exemplo, que pede para o candidato valorar cada
item como certo ou errado. Por sua vez, quem sempre fez este tipo de prova pode
ficar confuso ao ler os itens de uma questão de múltipla escolha, pois nem
sempre há só um item correto – os professores vivem alertando para analisarmos
qual opção é “a mais correta”. Esse tipo de feeling
só se consegue após a resolução de muitas questões.
Em segundo lugar, essa tática é uma forma eficiente de
conhecer como cada banca examinadora faz
as perguntas em si. Algumas bancas cobram a literalidade da lei ou da Constituição,
enquanto outras gostam de cobrar situações-problema, ou a jurisprudência
relativa ao assunto. Algumas gostam de pura análise gramatical, enquanto outras
cobram questões mais interpretativas ou textuais. Algumas cobram questões mais
simples de raciocínio lógico, enquanto outras exigem um padrão ninja na matéria – quem já fez prova da
Esaf sabe do que eu estou falando. Resolvendo muitas questões da banca que
aplicará sua prova, você direciona seus estudos e se prepara para o tipo de
pergunta que irá encarar.
Em terceiro lugar, é a melhor forma de otimizar seus
estudos. Após resolver, por exemplo, cem questões de uma determinada matéria e
de uma determinada banca, você perceberá um padrão nas perguntas, nos conteúdos
exigidos e até nos enunciados. Verá que a banca “X” sempre pergunta sobre
equivalências lógicas, ou sempre cobra competências do Presidente da República,
ou sempre pede alguma coisa sobre etapas da execução da despesa. Verá que,
dentro da uma determinada matéria, há aqueles tópicos sempre cobrados, e outros
que só aparecem raramente em prova. Dessa forma, de acordo com a sua
disponibilidade de tempo, você irá orientar seus estudos com prioridade para aquilo que é mais cobrado,
deixando os outros tópicos para quando você já estiver dominando os mais
importantes.
Para ir montando seu próprio “banco de questões”, sugiro uma
dica que aprendi com outros professores (especialmente o professor Gladson Miranda): ao fazer as questões, procuro a resposta de cada uma no livro
referente à matéria; ao encontrar a resposta, anoto naquela página a questão
(banca/órgão/cargo/ano). Sim, dá muito
trabalho. Mas depois de algumas dezenas ou centenas de questões (já deu
preguiça? Olha lá, hein!), você terá transformado seu livro em um verdadeiro
“mapa da mina”, com tudo aquilo que mais cai em provas. Quando seu concurso
estiver próximo, releia tudo o que você marcou, e qualquer semelhança com a
prova não será mera coincidência:
(meu livro de Direito Constitucional [Descomplicado, de Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, edição de 2009]: questões do Cespe, da FGV, da FCC...)
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